Resumo:
Este
texto procura abordar a importância da gestão documental nos Arquivos Públicos.
Considera o desenvolvimento da tecnologia e sua influência no aumento populacional. Aspecto que exige dos governos a expansão de suas ações, fato que por sua vez, reproduz em seus arquivos a complexidade de suas funções e atividades.
E, apresenta a necessidade da gestão documental, analisando o Site do Sistema de
Gestão do Arquivo Público do Estado de São Paulo.
Palavras-chave: Funções e Atividades;
Complexidade; Arquivo Público do Estado de São Paulo; SAESP; Gestão Documental.
Este
texto parte do destaque de alguns aspectos levantados por Schellenberg no capítulo
5 de Arquivos Modernos. Este autor expõe uma justificativa sobre a importância
de se manter uma administração voltada para os arquivos, e aborda os seguintes
motivos que levam os setores do governo a reconhecer a necessidade de se lidar
com uma grande massa documental:
·
O aumento do volume de
documentos relacionado ao aumento da população desde os meados do século XVIII;
·
O aumento populacional
atribuído ao desenvolvimento tecnológico;
·
O aumento populacional
provoca a expansão das atividades governamentais; e
·
Que a expansão das
atividades afeta a produção de documentos.
A despeito destas
considerações, é ressaltado que “o homem não faz documentos somente por que
dispõe de máquinas para produzi-los, mas sim, e principalmente, como resultado
da execução de um trabalho; e a proporção de sua criação é, em geral, aumentada
pela expansão da atividade”. (Schellenberg, p. 65, 2006).
Sob esta concepção
dispõe que o volume da produção de documentos oficiais num país é também
determinado pela maneira como os órgãos do governo desenvolvem suas atividades
e como empregam os documentos. Os governos refletem sua complexidade sobre os seus
documentos. O que impacta nos arquivos com o aumento do volume documental, incidindo
sob a maneira em que são guardados; e consequentemente, os arquivos também se
tornam complexos. Esta situação institucional apresenta-se no sentido de se estabelecer
numa série de relações que podem ser detectadas na estrutura em sua organização
e funcionamento, e em termos governamentais, consideram-se ainda às modificações
inerentes aos órgãos públicos relacionadas aos programas de governos de uma forma geral.
Neste
ponto para se apresentar uma perspectiva geral, segue uma tentativa de delinear
em um quadro as influências que propiciam o aumento da massa documental:
À medida que o emprego e aperfeiçoamento de técnicas e equipamentos são implementados e utilizados pela sociedade, o impacto tende a incidir sobre as atividades das pessoas e em seu modo de vida; e, independente de quais sejam os fatores que influenciam nas condições de vida da sociedade; pelo menos no que se refere ao fenômeno de aumento da média de vida da população, tem-se por parte dos governos a necessidade do atendimento das demandas sociais, e quanto maiores forem os contingentes populacionais, maiores e mais complexos serão os governos.
À medida que o emprego e aperfeiçoamento de técnicas e equipamentos são implementados e utilizados pela sociedade, o impacto tende a incidir sobre as atividades das pessoas e em seu modo de vida; e, independente de quais sejam os fatores que influenciam nas condições de vida da sociedade; pelo menos no que se refere ao fenômeno de aumento da média de vida da população, tem-se por parte dos governos a necessidade do atendimento das demandas sociais, e quanto maiores forem os contingentes populacionais, maiores e mais complexos serão os governos.
Um
aspecto interessante que pode ser verificado neste quadro em relação à produção
documental, é que o seu aumento não está diretamente relacionado ao
desenvolvimento da tecnologia e ao aumento populacional, mas à expansão das
atividades institucionais. Desta forma, em relação aos documentos de arquivo,
não é a utilização da tecnologia que deve sugerir a sua complexidade e propiciar
seu aumento, apesar de facilitar e otimizar a produção; é, na verdade, a gestão
documental que deve sugerir, implementar e se utilizar da tecnologia para
viabilizar procedimentos na utilização e guarda dos documentos. Perspectiva que
conduz à reflexão e questionamento se o enfoque deve estar na tecnologia, nas
atividades ou na gestão em torno dos aspectos que relacionam ambas.
Pois,
se as atividades implicam em produção documental, e como o quadro demonstra, se
estas são complexas, a Instituição, terá sua organização e funcionamento, permeadas
por esta complexidade, e, por conseguinte, constitui-se a necessidade de se
pensar em procedimentos para a utilização e guarda dos documentos. Fato que
estabelece o pano de fundo para a necessidade da gestão documental.
Em termos de Brasil, a sua grande extensão, tanto
territorial quanto populacional, pode sugerir um intrincado processo de governo complexo de se gerir. A julgar pelo fato do Brasil ser
um país detentor de um território de dimensões continentais com uma área de
8.514.876,566 km² (disponível em: <
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/default_territ_area.shtm>,
acessado em 30/07/2012). Este território tem sua divisão política, compreendendo
sua distribuição em 5 regiões, 26 Estados, o Distrito Federal, e 5.560
municípios.
As
Regiões e seus respectivos Estados:
1
Região Norte: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins;
2
Região
Centro-Oeste: Goiás, Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul;
3
Região
Sudeste: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo;
4
Região Sul: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina;
5
Região
Nordeste: Alagoas, Bahia,
Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Considerando
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios como unidades político-administrativas
dotadas de personalidade jurídica, tem-se uma imensa “corporação” a ser
administrada. Esta administração ocorre segundo uma vasta gama de critérios de ordenamentos
jurídicos em tornos de assuntos políticos, econômicos, culturais, etc. E para ilustrar esta complexidade, em uma visita realizado no Site do Arquivo Público do Estado
de São Paulo, pode se verificar um bom exemplo da tentativa de representar num
plano de arquivo a vida de uma cidade.
Se
gerir uma empresa já é um desafio, imagine uma cidade. O acesso ao Arquivo
Público do Estado de São Paulo dispõe logo na parte superior um filtro
intitulado “Destaque:” com uma lista contendo as Secretarias de Administração
Penitenciárias; Agricultura e Abastecimento; Casa Civil; Casa Militar; Cultura;
Desenvolvimento Econômico; Ciência e Tecnologia; Desenvolvimento Metropolitano;
Desenvolvimento Social; Direito da Pessoa com Deficiência; Educação; Emprego e
Relações do Trabalho; Energia; Esporte; Lazer e Juventude; Fazenda; Gestão
Pública; Habitação; Justiça e Defesa da Cidadania; Logística e Transportes;
Meio Ambiente; Planejamento e Desenvolvimento Regional; Procuradoria Geral do
Estado; Saneamento e recursos Hídricos; Saúde; Segurança Pública; Transportes
Metropolitanos; Turismo.
Neste
pequeno apanhado vislumbra-se a tentativa de refletir a vida do Estado. Esta unidade
administrativa do país para desempenhar suas funções se vale de diversas
secretarias, dentre outras formas de funcionalismo público, para atender as
diversas instâncias da sociedade em que se processam as demandas por bem estar
social. É nítido de se perceber que cada uma delas também se valem de uma série
de fatores para funcionarem como recursos humanos, materiais e financeiros. E, toda
esta rede Estatal depende em seus serviços da geração, processamento e disseminação
de informações na forma documental, que, por conseguinte, carecem de ter sua guarda
em um arquivo. Melhor dizendo, em um grande arquivo, em um Arquivo Público do Estado.
O Arquivo Público do Estado de São Paulo
Numa
rápida visão do Site do Arquivo Público de do Estado de São Paulo, verifica-se
uma disposição de informações em que a visualização parece propor um “diálogo” no
intuito de introduzir os usuários aos assuntos relacionados ao contexto tanto
histórico cultural do Estado, quanto às atividades administrativas
governamentais relacionadas aos seus arquivos. Contudo, considerando o próprio
contexto estatal, é nítida a complexidade que se insere tais informações, portanto, parecem válidos questionar sob a importância da gestão documental
neste âmbito.
O
Site do Arquivo Público do Estado de São Paulo ao apresentar uma complexa
disposição de informações, dispõe na verdade, uma tentativa de refletir as
funções e atividades relacionadas ao Estado de São Paulo. No Site como um todo,
configura-se o mapeamento da Estrutura do Estado, e a proposta de implementação
do Sistema de Arquivo se insere neste âmbito sob a visão de integrar as
unidades técnicas de arquivo e protocolo de cada órgão ou entidade da
Administração Estadual. Integração esta que se efetiva a partir de um órgão
Central por meio do Departamento de Gestão do Sistema de Arquivo do Estado de
São Paulo.
E um
traço interessante deste espaço é o fato de se abrir para o público um portal
como ponto de acesso aos cidadãos em que se anuncia a Transparência Estadual
como foco, o que propicia um amplo ambiente para debate, e neste aspecto pode
vir a convencionar-se como um referencial para a Arquivística, que como
disciplina pode assumir este espaço como objeto de estudo.
O Departamento de Gestão do SAESP
É
neste contexto de complexidade estatal que se insere o SAESP. Sua coordenação e
funcionamento é de responsabilidade do Departamento de Gestão do Sistema de
Arquivo do Estado de São Paulo que visa definir diretrizes, normas e
procedimentos que assegurem a gestão, o acesso e a preservação de documentos
públicos e privados, convencionais ou digitais, que encerram valor probatório e
cujo conteúdo informativo seja considerado relevante.
Este
Departamento de Gestão exerce suas atribuições legais, mantendo contato com
Comissões de Avaliação de Documentos de Arquivo, em que prevê a integração e
aprimoramento contínuo das atividades de arquivo e protocolos; a elaboração e
aplicação de planos de classificação e tabelas de temporalidade de documentos;
bem como analisa e recomenda ao procedimento de eliminação de documentos
públicos desprovidos de valor permanente, desde que autorizado por órgão
competente.
Neste
aspecto observa-se a preocupação, não simplesmente com a redução de uma massa
documental e o controle de práticas administrativas, mas como se verá mais
adiante que é uma das considerações do Decreto de instituição deste Sistema; a
atenção está muito mais focada no estabelecimento de critérios para que não
haja a destruição de documentos de forma equivocada e que venha a comprometer o
acervo documental arquivístico como patrimônio histórico.
É
interessante destacar que este Departamento mantém parceria com o Ministério
Público, e possui um programa de assistência aos 645 municípios relacionados à
criação de arquivos públicos; e compreende nesta acepção a gestão técnica e
sistêmica da documentação como condição indispensável para o pleno acesso às
informações públicas, dispondo a atuação do Departamento como essencial para o
controle e a transparência da administração pública, fato que se apresenta como
uma contribuição e incentivo para auxiliar no processo de garantia dos direitos
sociais no exercício da cidadania.
O SAESP
Passemos
agora a entender o que é o SAESP, Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo.
Este é definido pelo próprio Site como “o conjunto dos arquivos e protocolos
dos órgãos e entidades da Administração Estadual funcionando de forma
integrada, de acordo com normas e procedimentos técnicos comuns”.
Partindo
desta definição verificamos claramente que o objetivo com a instituição deste
sistema é a integração dos arquivos públicos do Estado de São Paulo.
Esta
integração se efetiva a partir de um órgão central por meio do Departamento de
Gestão do SAESP, que proporciona com este controle uma visão clara do
inter-relacionamento dos órgãos setoriais que integram este Sistema, que são as
unidades técnicas de arquivo e protocolo de cada órgão ou entidade da
Administração Estadual.
Esta
relação pode ser visualizada no organograma do Site que apresenta de forma
estratégica a importância de tal gestão, uma vez que o Arquivo Público do
Estado de São Paulo, através do órgão central do SAESP, ocupa uma posição de
interseção no que concerne a dispor uma padronização para os assuntos
relacionados aos arquivos públicos, tanto quanto sugere por esta centralização,
um elo entre as unidades sob a perspectiva de que dela deve emanar às análises
e acompanhamento do processamento das unidades técnicas de arquivo e protocolo,
o que entendo que se dá em decorrência da responsabilidade do SAESP se
configurar nos atos de recomendação a autorização para se proceder, por
exemplo, à eliminação de documentos públicos desprovidos de valor permanente,
ou a transferência e recolhimento de documentos ao Arquivo Público do Estado de
São Paulo.
Sobre
tudo, sua importância é evidenciada pelo Decreto n.º 22.789, de 19 de outubro
de 1984, em que os documentos arquivísticos gerados pela atuação deste Governo
são considerados: parte integrante do patrimônio arquivístico; como bem público
que deve ter assegurada sua integridade pelo próprio Estado; que sua destruição
sem critérios pode acarretar prejuízos irrecuperáveis a Administração e a
História; que a gestão documental se compõe de diversas fases, e, portanto,
carecem de harmonização e integração; dentre outras considerações e
providências, cujo teor de relevância atribui por este decreto fundamentos para
a instituição deste sistema.
É
aqui ressaltar ainda as finalidades do SAESP, que são reproduzidas no
Site advindas de seu Decreto de criação n.º 22.789/84, que é assegurar a
proteção e a preservação documental de valor administrativo e histórico;
harmonizar as diversas fases administrativas relacionadas a esta documentação;
e de facilitar o acesso ao patrimônio arquivístico público em conformidade com
as necessidades da comunidade.
Por
fim, dentre inúmeros aspectos que podemos analisar neste Site, como o histórico
que levanta a importância de se fundamentar nos dispositivos legais a partir da
Constituição Federal de 1988, até ao fato deste sistema apresentar roteiros
para as entidades, não apenas do governo, mas também privadas, estruturarem
seus arquivos, e dispor assistência para efetivar tal empreendimento; que o
SESP se consolida como uma ferramenta de controle estatal de incentivo,
fomento, e disseminação dos assuntos relacionados aos arquivos, e propicia à
gestão documental um ambiente positivo para que os arquivistas, dentre outros
profissionais, possam atuar com o devido respeito aos princípios de que tratam
sua área de atuação.
Considerações
finais
Numa visão panorâmica
do Site do Arquivo Público de do Estado de São Paulo, verifica-se em sua
interface uma complexa disposição de informações cujo “diálogo” introduz os
usuários aos assuntos relacionados às questões dos arquivos inseridos ao
contexto tanto histórico cultural do Estado, quanto às atividades
administrativas governamentais. É uma tentativa de inserir o cidadão na perspectiva
de como o estado se organiza diante da sua vasta estrutura governamental na
qual encontra-se o SAESP, Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo, que é
definido como “o conjunto dos arquivos e protocolos dos órgãos e entidades da
Administração Estadual, funcionando de forma integrada, de acordo com normas e
procedimentos técnicos comuns”.
O SAESP, Sistema de
Arquivo do Estado de São Paulo, apresenta como aspecto fundamental em sua
estrutura a gestão técnica e sistêmica de sua documentação. Sua coordenação e
funcionamento decorrem de dispositivos legais e do objetivo por assegurar a
integração e melhoria contínua das atividades de suas instituições
arquivísticas. E neste contexto, confere que esta gestão, preconize os assuntos
em torno das questões de acesso e preservação dos documentos considerados de
valor probatório e informativo relevante para o Estado.
O Arquivo Público do
Estado de São Paulo é o órgão central deste Sistema e por intermédio do
Departamento de Gestão (DG – SAESP) coordena as atividades de seus órgãos
setoriais, as unidades técnicas de arquivo e protocolo.
Pode assim, se constatar
que os arquivos refletem as funções e atividades de uma instituição, e à medida
que um governo torna-se complexo suas atividades refletem também esta
complexidade para os seus arquivos, motivo que leva a considerar a importância
da administração dos arquivos públicos, não apenas em sua destinação final, mas
também em suas idades corrente e intermediária.
Por conseguinte,
verifica-se que o âmbito de atuação arquivística que compreende o SAESP,
desenvolve a gestão documental, considerando diversas fases a que os documentos
arquivísticos estão sujeitos.
Entende-se assim, que
há um conjunto de normas, procedimentos e operações técnicas na produção, tramitação,
uso, avaliação, e arquivamento dos documentos em fase corrente e intermediária,
visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente. O que se
apresenta em conformidade com o artigo 3º da Lei 8.159 de 1991; ressaltando-se,
contudo, o fato deste aspecto já se delinear desde seu Decreto de instituição,
o Decreto 22.789 de 1984.
O
SAESP tem sua instituição fundamenta pelo Decreto n.º 22.789, de 19 de outubro
de 1984, que aprecia considerações para sua criação dentre às quais deixam
clara a importância dos documentos de arquivo como um bem público, e, portanto,
devem ter sua integridade assegurada pelo Estado.
Desta
forma, verifica-se que a gestão documental assume neste contexto sua
importância claramente explicitada na estrutura governamental como uma
entidade, pois um departamento de gestão documental constitui-se como eixo
balizador para assegurar um efetivo controle dos documentos de arquivo.
Portanto
destaca-se o fato do Arquivo Público do Estado de São Paulo, por meio do SAESP,
se apresentar como referência em termos de disseminar os conhecimentos
relacionados aos arquivos; proporcionar diretrizes, normas e procedimento que
assegurem a gestão documental; e consolidar à importância do acesso e a preservação dos
documentos públicos e privados como fundamental ao exercício da cidadania.
Por
fim ressalta-se ainda, que o Site do Arquivo Público do Estado de São Paulo,
possui em toda sua estrutura, a preocupação de abrir um diálogo com o usuário
ao disponibilizar suas publicações técnicas, bem como de ter cada campo do Site
devidamente definido de forma a orientar precisamente os objetivos deste
sistema e a sua forma de implantação.
Referência
SCHELLENBERG,
T. R. Arquivos Modernos: princípios e
técnicas. Importância dos arquivos. 6 ed. – Rio de Janeiro: Editora FGV,
2006. p. 25-33. Tradução de: Nilza Teixeira Soares.
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